Acontece no dia 11 de setembro (domingo), em Ponta Negra, a 12ª edição da Marcha da Maconha Natal. A concentração ocorrerá ao lado da faculdade Estácio de Sá a partir das 12h com distribuição de feijoada para o público e saída para caminhada às 16h20.
“Descriminalizar é reduzir danos” é o lema da edição desse ano. O movimento da Marcha defende a reforma da atual Lei de Drogas – lei 11.343/2006 – vigente no Brasil, sendo favorável à legalização e regulamentação do comércio das drogas, em especial da cannabis. Além disso, luta contra o encarceramento da população negra e periférica do país, principais vítimas do sistema de “guerra às drogas” promovida pela atual legislação.
Segundo Anna Rodrigues, uma das organizadoras da Marcha da Maconha e membra da RENFA (Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas): “Não podemos acreditar que as agendas governamentais sobre Saúde, Educação, Segurança Pública, Mobilidade Urbana, Desenvolvimento sustentável, Segurança Alimentar, Mulher, Família, LGBTQIAP+, Cultura, não estão interligadas diretamente a política sobre drogas. Quando iniciei minha graduação na UFRN tive a oportunidade de me conectar com as pautas do movimento antiproibicionistas, em especial pelo vínculo que criei com a prof. Leilane Assunção que me acolheu, aconselhou e inspirou o olhar mais estratégico sobre o pautar, reivindicar e construir as políticas públicas sobre drogas.”
A Marcha da Maconha acontece todos os anos em Natal desde 2010 (com exceção de 2020 e 2021 em virtude da pandemia) e, em sua última edição, levou cerca de 2 mil pessoas às ruas. Neste ano, a professora Leilane Assunção, falecida em 2019, mulher trans, pesquisadora e militante de referência nacional em várias frentes das lutas antiproibicionistas será homenageada pela Marcha como forma de perpetuar seu legado e sua contribuição para o movimento.
A importância da Marcha da Maconha
É necessário a compreensão de que os hiatos presentes nas políticas públicas sobre drogas estão primeiramente ligados a colonização do Brasil e seu Racismo estrutural, seguidos fortemente aos estigmas sociais que a “guerra às drogas” instaurou mundialmente nos anos 60 afastando o avanço de pesquisas científicas que respaldassem o desenvolvimento dessas políticas, assim como pelo fato de que nosso País é extremamente jovem em seu processo de fortalecimento da democracia participativa.
A redução de riscos e danos é uma tecnologia, e infelizmente o Brasil vem se afastando de sua implementação ao escolher manter a guerra, investindo apenas no aumento do encarceramento de pessoas pretas e periféricas, deixando, assim, de lado uma política de cuidado capaz de efetivar nosso direito à vida e a reversão das desigualdades. A Marcha da Maconha acredita que a implementação eficaz e eficiente da tecnologia da redução de danos em nosso país é a chave para o desenvolvimento sustentável, pois trata-se de uma tecnologia que impacta todas as instâncias da sociedade e possibilita a diminuição das violências e confluências perversas que nosso país vivencia.
O uso medicinal da cannabis vem ganhando cada vez mais adeptos no país (Foto: Alicia Patriota)
Em inúmeros países observamos a flexibilização sobre a proibição do uso e das drogas. No Brasil, entretanto, existe uma lógica racista e moralista que apenas fortalece a desinformação e gera danos sociais graves, inclusive para a saúde de pessoas que necessitam fazer o tratamento medicamentoso com a planta.
Nesse sentido, a Marcha da Maconha Natal convida a todos a participar desse momento e protestar pela legalização da maconha, além de conhecer outras articulações que vêm apresentando à sociedade os custos dessa proibição, como o relatório “Drogas quanto custa proibir” (coordenado pelo CESeC – Centro de Estudos de Segurança e Cidadania) e a participar da Agenda Emergencial pelo Fim da Guerra às Drogas no Brasil.