No sábado, 5 de novembro, a morte trágica da cantora Marília Mendonça completa um ano. Ela e outras quatro pessoas estavam em um avião que caiu perto do aeroporto de Caratinga, em Minas Gerais. O Fantástico conseguiu detalhes exclusivos das investigações feitas pela Polícia Civil. Nem todas as perícias estão concluídas, mas já é possível ter uma ideia bem precisa do que aconteceu no dia em que o Brasil perdeu uma de suas maiores artistas.
O espaço aéreo de Caratinga tem uma “zona de proteção”: são 3.600 metros de raio, considerando o aeroporto como o centro da circunferência. Dentro dessa área, todos os obstáculos, como torres de energia, devem ser sinalizados e constar nos avisos aeronáuticos.
O Fantástico sobrevoou a região para entender como é o procedimento normal de pouso e decolagem no aeroporto e explicar como funciona a zona de proteção que indica os obstáculos para o piloto.
No procedimento recomendado de pouso, não há torres de energia nessa área. Depois, um trajeto parecido com o do avião em que Marília Mendonça estava. Segundo a investigação, a aproximação foi feita pelo lado oeste, do mesmo lado que as aeronaves geralmente descem no aeroporto de Caratinga.
No dia da tragédia, o piloto Rafael Coelho Lacerda pilotava uma outra aeronave e foi a última pessoa a conversar pelo rádio com Geraldo Martins de Medeiros, que comandava o avião que levava Marília.
“Eu estava cinco minutos atrás dele. Escutei quando ele reportou que estava nessa posição que a gente está passando agora”, conta.
Maurício Ferraz: Estava tudo tranquilo na conversa?
Rafael Coelho: Uma comunicação padrão, igual todos os pilotos costumam reportar. Eu passei sobre o local do acidente, sem conseguir ver quando ela tinha caído. Não sabia que o avião tinha caído aqui. Acreditei que ele já teria pousado e prossegui com meu pouso.
Depois dessa conversa com Rafael, o avião pilotado por Geraldo saiu da zona de proteção, segundo as investigações.
“Ele não fez o que normalmente os pilotos que pousam aqui fazem, que é pousar dentro dessa área. Embora não seja proibido, ele poderia avançar, mas avançar com os cuidados, vendo os obstáculos que porventura existiam”, destaca Ivan Lopes Sales, delegado regional de Caratinga.
A aeronave com cinco pessoas a bordo atingiu o cabo do para-raios que passava por uma torre de energia. Segundo as investigações, a torre está a mais de mil metros de distância da zona de proteção do aeroporto.
A empresa PEC, de taxi-aéreo, disse que “segundo seus levantamentos a informação de que a torre de energia estava fora da zona de segurança não corresponde à realidade e que os cabos deveriam estar sinalizados”. Já a polícia afirma: por estar fora da zona de proteção, a torre não precisava estar sinalizada nem constar dos alertas aeronáuticos.
Ainda não saiu o resultado da perícia do Cenipa, que apura se houve ou não falha mecânica. A aeronáutica informou que a investigação está em fase final; a da Polícia Civil também.
Fonte: g1